Projovem Adolescente Restinga Extremo Sul Amurt Amurtel

Chácara dos Pinheiros - Restinga

Neste ano de 2011, nós, adolescentes da Restinga, estamos fazendo parte de um projeto do governo federal chamado Pro Jovem Adolescente. Desde abril estamos juntos no Coletivo da 5ª Unidade – manhã. Nos encontramos três vezes por semana em oficinas de cidadania, esporte e cultura. Durante esses momentos desenvolvemos diversas atividades afins. Foi quando em uma das oficinas de cultura um colega nos chamou a atenção para a “Fazendinha”, modo como se referiu ao lugar. Ele comentou que lá as pessoas estavam passando por muitas dificuldades, que era uma invasão e por isso não havia água encanada, saneamento básico, etc. Foi quando surgiu o desafio de escrevermos uma reportagem sobre o lugar. Desafio até porque a maioria de nós, mesmo sendo moradores da Restinga, nunca tínhamos ido até a Chácara dos Pinheiros – verdadeiro nome da “Fazendinha”. O primeiro passo foi fazermos uma saída de campo. Subimos a vila, que fica acima da 5ª Unidade e, logo na entrada uma casa feita de restos de lona de piscina nos atraiu o olhar. Seguindo a caminhada observamos que, realmente, deve ser muito difícil morar ali. Principalmente aquelas pessoas que vivem mais distantes da 5ª Unidade. Percebemos que a água provém de uma só caixa para a maioria dos moradores, que o esgoto está a céu aberto e que, provavelmente quando chove, todos ficam à mercê de doenças advindas do lixo que se acumula em muitos espaços. Registramos essa primeira visita através de fotos e de pequenos textos. A segunda etapa foi elaborarmos um questionário no intuito de entrevistar alguns moradores. Cada um de nós, partindo da própria percepção e vivência, tinha que pensar em algumas questões que julgasse importante saber, denunciar, enfim. Foi feita uma seleção entre as perguntas de todos e combinamos de na próxima semana, irmos lá, de novo, conversar com as pessoas. Foi o que fizemos. Entrevistamos desde quem mora ali perto da 5ª Unidade até quem reside mais lá pra cima. E as respostas não foram muito diferentes. Tanto entre os moradores quanto as impressões que tivemos.

Segundo o relato das pessoas, a Chácara dos Pinheiros existe há uns dez anos. E até hoje se pega água de balde na torneira sendo que, às vezes, passam sem água por semanas. A coleta de lixo só acontece em alguns lugares e nem sempre. E onde o caminhão não passa, cada um deve levar seu lixo até a 5 Unidade. O mesmo acontece se alguém fica doente ou precisar ir ao mercado e até mesmo frequentar a escola: precisa ir até a 5 Unidade... Quando perguntamos: “Como você imagina uma vila melhor?” Todos responderam: “Água, luz e esgoto”. Alguns moradores comentaram conosco que nas épocas de eleições vários candidatos vão até lá e prometem casas, prometem regularizar as moradias. Mas depois que passa, tudo continua na mesma.

Concluindo, o nosso objetivo com este trabalho é denunciar o abandono e o descaso com que o ser humano vem sendo tratado. Porque o problema da falta de moradia provém de diversos fatores como a precariedade do sistema de ensino, a falta de emprego, entre outros. Ou seja, se o indivíduo não recebe uma educação de qualidade fica mais difícil de encontrar um bom trabalho e sem trabalho, reduzem-se as condições de buscar um lugar digno para morar com sua família. Fica a pergunta: O que é preciso ser feito?